Jovens dizem que movimento é apenas uma forma de se divertir.
Local escolhido é a Praça do bairro Cidade Nobre
"Famosinhos"
garantem que durante as sextas-feiras já passaram pela praça do Cidade
Nobre cerca de 1000 pessoas. (Foto: Patrícia Belo / G1)
Há alguns meses grupos de adolescentes de várias partes do Brasil,
especialmente São Paulo Rio de Janeiro, ganharam repercussão na mídia ao
organizarem pelas redes sociais os chamados “Rolezinhos”. Em Ipatinga,
no Leste de Minas Gerais, os encontros também estão acontecendo após
troca de mensagens pelas redes sociais. O principal ponto de encontro é a
praça do bairro Cidade Nobre. Na região, os eventos ficaram conhecidos
como "Famosinhos do Vale do Aço". Os organizadores definem os encontros
como um "grito por lazer" e negam qualquer intenção ilegal, alegando
somente a interação entre os jovens.O ‘rolezinho’ era como uma festa, com convite aberto na internet. Na página principal do grupo dos “Famosinhos do Vale do Aço” explica detalhadamente o que um adolescente, precisa para fazer parte do evento. As especificações são: Ter mais de 300 curtidas em fotos postadas; participar de pelo menos 10 encontros realizados na Praça do Cidade Nobre; tirar fotos com pose de frente para o espelho e ter um aparelho celular de última geração.
Luizinhio teve cerca 400 curtidas.
(Foto: Reprodução / Facebook)
O estudante Luiz Henrique Vargas Bono, de 13 anos foi considerado pelos
seus seguidores da página do Facebook, um famosinho do Vale do Aço. O
adolescente parece cumprir os pré-requisitos necessários para ocupar o
cargo.(Foto: Reprodução / Facebook)
“Tudo começou no meio do ano passado, eu estava em um show com um amigo que era considerado bastante popular em Ipatinga. Tiramos uma foto e no outro dia a fotografia estava no Facebook e tinha mais de mil curtidas. Dai em diante algumas pessoas (que eu não sei dizer quem são) fizeram uns vídeos das pessoas mais famosas do Vale do Aço e eu estava presente. Dai em diante apareceram muitas pessoas que eu nem conheço me pedindo autorização para ser meu amigo nas redes sociais e começaram a curtir minhas fotos”, explica.
A mãe de Luiz, a manicure Mércia Vargas de Oliveira disse que depois que passou a entender o que é ser um “famosinho”, aprovou a ideia de seu filho fazer parte da turma. A autônoma diz que trabalha para comprar roupas de marcas utilizadas pelo seu primogênito, mas sempre o orienta a tomar cuidado com os excessos.
Mércia apóia o filho. (Foto: Patrícia Belo / G1 )
“Que mãe não quer que seu filho seja um “famosinho”? Eu entendo que com
esse status as pessoas demostram que tem carinho pelo meu filho,
portanto aprovo e contribuo para que ele ande nos padrões ditados pela
fama. Compro as roupas de marcas, os bonés da moda, perfumes e sempre
dou dinheiro para que ele compareça em algumas festas. Mas sempre alerto
para que ele a tome cuidado com tudo isso. Pode ser muito bacana, mas
não quero que se alegria se torne perigosa”, alerta.Porque sou famoso?
Questionado porque se tornou “famosinho”, Luiz Henrique, Luizinho como é conhecido, disse não saber exatamente a fórmula correta da fama. Mais o adolescente pontua alguns adjetivos e quesitos que ele acredita que um ‘famosinho’, não podem deixar de ter.
“Simpatia, alegria, e ousadia. Essas são as qualidades que eu atribuo a mim, e acredito que me ajudou me tornar tão conhecido nas redes sociais. Essas são as características, mas o modo de vestir e pensar também influencia muito. Um famosinho deve ter várias camisas de marcas em seu guarda-roupa, além de bonés de aba reta e bermuda até o joelho. O cabelo deve estar sempre bem cortado e por último os acessórios”, finaliza o adolescente.
A teoria de Luiz Henrique parece mesmo funcionar. Nessa sexta-feira (24), na praça central do Cidade Nobre, cerca de 500 adolescentes estiveram presente e todos pareciam querer testar suas popularidade.
Luiza tem mais de 5 mil amigos em sua página
(Foto: Patrícia Belo / G1)
Segundo Luiza Souza, o ‘rolezinho’ era como uma festa, com convite
aberto na internet. “Estava escrito lá na descrição pra fazer amizades
novas, pra conhecer pessoas, tirar foto. Aí todo mundo foi”, lembra.
“Não gosto muito de dizer que sou uma famosinha, mas ganho muitas
curtidas em uma foto do Facebook e depois que comecei a frequentar os
encontros aqui da Praça do Cidade Nobre tenho no total de cinco mil
amigos. Venho para me divertir conhecer gente nova”, diz.(Foto: Patrícia Belo / G1)
Pedro Almeida confirma a tese de Luiza. O adolescente também de 16 anos, diz que a fama é para poucos. O jovem relata que participar do rolezinho é uma de interagir com pessoas de outros bairros de Ipatinga.“Famoso é só Jesus Cristo eu sou simplesmente uma adolescente procurando diversão. Se por algum motivo ter muitos amigos me deixou o status de famoso, eu agradeço. A praça é um local de encontro da galera, portanto gosto de estar aqui e vir aqui”, finaliza.
Reivindicações
Em entrevista ao G1, o sociólogo, Fred Lúcio, professor da ESPM, acredita que os encontros se transformaram em um movimento. "A repercussão do encontro acabou projetando no movimento um tom reivindicatório que talvez nem estivesse tão forte no começo. Teve um papel fundamental o sucesso ou certa repercussão que esses processos tiveram. E eles aproveitaram e transformaram isso numa reivindicação de uma política de lazer, mesmo, para a periferia.” analisa.
Depois do fenômeno do ‘rolezinho’, a Polícia Militar de Ipatinga informou que intensificou o patrulhamento no local. Segundo o subtenente Barbosa, o número de efetivo no local dobrou e a PM está sempre por perto garantindo a segurança dos adolescentes e também dos estabelecimentos que estão próximos à praça central, onde são realizados os encontros.
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